Opinião

Querem apadrinhar em Livramento um deputado que é contra trabalhador, aposentado e estudante

Arthur Maia já declarou à imprensa que achava um absurdo um trabalhador se aposentar por tempo de serviço

Por Tiago Rego | Jornalista

*Recebi com muita perplexidade, mas sem nenhuma surpresa, um vídeo em que o deputado federal Arthur Maia (União Brasil – UB) aparece se dirigindo ao povo de Livramento, especificamente aos moradores do Monteiro e de Tabuleiro, ao lado do ex-prefeito de Livramento, Paulo Azevedo, do pré-candidato ao governo da Bahia, ACM Neto (UB) e do também deputado federal e pré-candidato ao Senado pela Bahia, Cacá Leão (PP). Para quem não o conhece,  deputados como Arthur Maia fazem parte da massa de parlamentares que convencionou-se chamar de “Centrão”, mas também são conhecidos como destinadores de emendas para seus redutos, já que estes não conseguem cooptar o chamado voto ideológico, dada a fisiologia de seus mandatos. A minha perplexidade reside no fato da tentativa de apadrinhamento de um parlamentar que é frontalmente contra a tudo aquilo que Livramento é representado em essência pela sua gente — um povo sertanejo trabalhador —, pois vale ressaltar que Maia foi um dos idealizadores do desmonte da CLT – Consolidação das Lei de Trabalho, aprovada no governo Temer, responsável por empurrar milhões de brasileiros à informalidade, contribuiu para criar condições precárias de trabalho. Além de ter sido um dos arautos do desmonte da CLT, Arthur Maia se notabilizou como relator da Reforma da Previdência, o que lhe valeu a alcunha de “inimigo do povo” entre seus dissidentes. À imprensa, à época, o legislador baiano chegou a dizer que achava um absurdo um trabalhador se aposentar por tempo de serviço, e um foi um dos principais alardeadores da falácia de que, caso a reforma não passasse, o país “quebraria”. Recentemente, Arthur foi relator de outra proposta de reforma antipovo e contra o trabalhador. Desta vez, a PEC (Projeto de Emenda à Constituição) 32/20, que versa sobre os funcionários públicos, que dispensa à realização de concurso público, o que gera precedente para cabide de empregos, além da perda da estabilidade por parte do servidor, sendo que a estabilidade do funcionalismo é a principal garantia da lisura na prestação serviço público, evitando, por exemplo, fraudes em licitações e desvio de dinheiro público. Como se não bastasse, o nobre deputado, atual presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), colocou em discussão a proposta da PEC 206/2019, que propõe cobrar mensalidade em universidades públicas, o que torna o acesso aos cursos de ensino superior ainda mais difícil aos estudantes de baixa renda, tirando-lhes deles, a principal ferramenta de ascensão social. Mas enfim, há pessoas imbuídas de interesses outros, que acham que é razoável apresentar ao povo livramentense, calejado por suas lutas diárias, um político que é contra trabalhador, aposentado e estudante.

*Este texto, não expressa, necessariamente, a opinião do SN, sendo de responsabilidade exclusiva de seu autor.

 

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