Coluna do Tiago

Guerreiros uma ova! Não se pode naturalizar uma derrota diante da Croácia

"Mas, sinceramente, guerreiro mesmo é quem se dedica a qualquer atividade que não conta com nenhum ou quase nenhum aporte financeiro, como é o caso dos atletas da ginástica olímpica que, às vezes, têm que fazer “vaquinha” para disputar uma competição"

Por Tiago Rego | Jornalista

  • A geração Neymar, talvez, nesta Copa, esteja encerrando o fim de uma era. Isso porque, com o futebol globalizado, que exige cada vez mais da parte física do atleta, o agora adulto Ney, dificilmente, terá condições de estar no mundial de 2026. Neymar, portanto, entra para a galeria dos grandes craques brasileiros sem mundial, o que não é demérito nenhum, pois assim é o futebol, ainda mais quando se trata de um mundial que acontece somente de quatro em quatro anos. Triunfos à parte, o certo mesmo é que a seleção da dancinha é, sem sombra de dúvidas, a mais antipatizada de todos os tempos. E não se trata de inveja, recalque, ou falta de patriotismo como muitos dizem por aí, mas sim, a Seleção Brasileira que caiu diante da Croácia é a menos representativa da história do futebol brasileiro. E em razão do distanciamento com os torcedores, é evidente, que as críticas vêm na mesma proporção, o que incomoda uma parcela de fãs, pois para o fanatizado, a figura idolatrada é intocável. Por isso, de imediato, após Marquinhos acertar a trave da meta croata na cobrança de pênaltis que eliminou o time de Tite, pelos stories e status das redes sociais no Brasil a fora, o que mais se via era o pôster eletrônico do escrete canarinho com a legenda infame, mas que já habita o inconsciente coletivo brasileiro, “guerreiros”, em uma tentativa de reconhecer o esforço da Seleção. Mas fica a pergunta: guerreiros de que? Um elenco recheado de jogadores multimilionários de um esporte que não falta patrocínio, condições de trabalho, e apoio midiático, pois a imprensa esportiva brasileira se comporta como se fosse torcida, por isso, que quando um comentarista como Casagrande aponta as incongruências do grupo, a exemplo do fatídico episódio do bife de ouro, caem de pedra em cima dele. Mas, sinceramente, guerreiro mesmo é quem se dedica a qualquer atividade que não conta com nenhum ou quase nenhum aporte financeiro, como é o caso dos atletas da ginástica olímpica que, às vezes, têm que fazer “vaquinha” para disputar uma competição. É claro que não se trata aqui de romantizar o sofrimento, mas quando se trata da Seleção Brasileira, cinco vezes campeã do mundo, de Pelé, Ronaldo, Zico, Coutinho, Romário, Sócrates, Garrincha, Tostão, Didi, Rivelino e tantos outros, com patrocínio milionário, com jogadores que usam relógios que custam o preço de uma vida inteira de trabalho de uma pessoa comum, não se pode chamar de guerreiros uma seleção que perde para a Croácia.

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