Coluna do Tiago

Com um governo sem vitrine, campanha de Bolsonaro vai apostar na dualidade fé/comunismo para diminuir o favoritismo de Lula

Por Tiago Rego* | Jornalista

  • Apesar de não ter a mesma vantagem do Datafolha, a menos de 50 dias para as eleições, os petistas comemoram o desempenho de Lula (PT) na pesquisa Ipec (antigo Ibope). E não é pra menos, pois Lula está à frente de Bolsonaro (PL) em colégios eleitorais considerados chaves para uma eleição presidencial — São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro (veja os resultados aqui) — , embora no Rio a disputa esteja tecnicamente empatada, com o ex-presidente com uma vantagem numérica maior. No entanto, apesar de está dentro da média das pesquisas públicas, o QG de campanha bolsonarista esperava pelo menos um encurtamento em um dígito da distância entre os dois líderes de todas as sondagens de intenção de voto. Por tudo isso, o início da campanha de Bolsonaro está bem aquém dos outros presidentes que tentaram a reeleição, que a esta altura já lideravam todos os levantamentos de aferição de voto. Além do retrospecto histórico, outro fator que tem tirado o sono da equipe de comunicação do presidente é a avaliação do governo, que segundo o Ipec é de 29% de ótimo e bom, desempenho este similar ao apresentado pelo ex-capitão na referida pesquisa, fruto de uma gestão sem projeto de governo, composta por péssimos quadros ministeriais, com um mandato que só não caiu por conta das emendas do relator, sem avanço em nenhuma área, ou como os analistas costumam dizer — sem vitrine. No entanto, como disse o marqueteiro Carlos Manhanelli: eleição é guerra, e o bolsonarismo o que mais tem são armas. A campanha de Jair deve apostar na mesma intangibilidade dual da fé, no mote da ‘cristofobia’, e no antigo fantasma do comunismo — sim, este mesmo; o que toma casas e propriedades de assalto, o que nunca aconteceu em qualquer lugar do mundo —, porém estas fanfics até que ainda fazem efeito, mas não com a mesma força de 2018. E, por último, mas não menos importante, se antes Bolsonaro era a voz única dos noticiários, agora, na campanha, o incumbente (aquele que tenta a reeleição) terá que se desdobrar para atacar seus adversários, se defender dos ataques e ainda arranjar algum malabarismo retórico para defender o seu desastroso governo, que nem mesmo o poder da caneta foi capaz de impulsionar a ponto de ameaçar o favoritismo de Lula.

*Tiago Rego é jornalista formado pela Faculdade de Comunicação (Facom) da Universidade Federal da Bahia, especialista em democracia digital, marketing político em redes sociais e redes de afeto político.

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