Coluna do Tiago

Ao questionar conta no date, Caio Castro rompe com o arquétipo do príncipe encantado

Por Tiago Rego* | Jornalista

Muito tem dado o que falar a declaração do ator Caio Castro a respeito de não se sentir na obrigação de pagar jantar para mulher em um encontro ou numa linguagem mais jovem, no date. A declaração foi feita no podcast ‘Sua Brother’, apresentado por Renatinha Diniz, que na oportunidade o ator disse exatamente o seguinte: “qual a diferença de pagar a conta e ter que pagar a conta? Me incomoda muito essa sensação de ter que sustentar, ter que pagar… Eu não tenho que fazer p*rra nenhuma”, que após fazer uso de uma hipérbole, ponderou: “faço questão de te chamar para jantar, vou ao banheiro, já pago a conta… Não chega nem conta, já está resolvido… Agora, pediu a conta e não se mexeu e não perguntou nunca, como se eu tivesse esse papel? Você não é minha filha”, questionou. De imediato, o referido trecho da fala viralizou em diversos portais de notícias, com chamadas para lá de sensacionalistas para atrair cliques, e o tribunal inquisitório das redes sociais fez uso das chamadas para cair de pedra em cima do rapaz. E o mais espantoso nisso tudo, quer dizer — não há nada de espantoso — foram as páginas que produzem conteúdo que incentiva a autonomia feminina vilipendiarem a posição de Caio de Castro. Da minha parte, sem corporativismo, o que posso dizer é ‘tamo junto, Caio Castro’. Está certo que o galã global pode ter cometido um exagero em sua explanação, afinal, pagar um jantar não consiste em sustentar ninguém, portanto, em um mundo que as pessoas não conhecem a função das figuras de linguagem, uma personalidade da magnitude de Caio tem que ser bastante comedida na escolha das suas expressões. Hipérboles à parte, na verdade, a situação trazida à baila pelo artista não deve ser tratada por viés somente econômico, pois o que Caio propõe é a ruptura de um estigma que versa no pernóstico expediente da figura do homem como provedor ou ainda mais machista, do oferecimento de mimos como forma de obtenção de um enlace físico. Trata-se, contudo, de um valor/costume geracional, que apesar de fazer parte do inconsciente da maioria dos homens, cada vez mais, o rito perde mais adeptos. Mas afinal, por que a posição do ator causou tanta indignação? Por uma falsa impressão de que as atividades que trazem retorno financeiro na vida dele não exigem esforço e abdicação, bastando para isso Caio existir e pronto. Segundo, por ter partido de um simbolo de homem ideal que deveria servir de espelho para os demais, pois Caio é bonito, famoso e rico, ou seja, um objeto de desejo. Do outro lado, um grupo de mulheres oportunistas, que por pura conveniência, acham que suas simples presenças devem ser motivo obrigatório de pedágio social. E, por último, a opinião de Caio vai de encontro ao arquétipo do príncipe encantado.

*Tiago Rego é jornalista formado pela Faculdade de Comunicação (Facom) da Universidade Federal da Bahia, especialista em democracia digital, marketing político em redes sociais e redes de afeto político.

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