Articulação de Rui, potência de Lula, e empenho dos prefeitos, levou o desconhecido Jerônimo a desbancar o favoritismo do último do clã Magalhães

Por Tiago Rego | Jornalista

• De trio reservado para festa no Porto da Barra, em Salvador, a articulação antecipada de secretários, ACM Neto, candidato derrotado ao governo da Bahia, pelo União Brasil, impulsionado pelas pesquisas, já estava se comportando como governador da Bahia. Para o carlista, em 2023, estar à frente do Palácio de Ondina era uma questão apenas da votação acontecer, isso já no 1º turno, postura típica do ex-prefeito da capital baiana, em total menosprezo ao PT e, sobretudo, ao governador eleito, o professor acadêmico, Jerônimo Rodrigues. Com isso, o salto alto tomou conta da ala oposicionista, enquanto Rui Costa (PT) e aliados seguiram fazendo o que devia ser feito — a comitiva governista percorreu os 417 municípios baianos, na intenção de divulgar o nome do então desconhecido Jerônimo, tendo como trunfo a capacidade de aglutinação de Costa, que manteve uma robusta base de apoio de prefeitos em torno do seu sucessor, além, é claro, da hercúlea potência eleitoral de Lula na Bahia —, e o resultado é o que todo mundo conhece, quem quase levou na primeira etapa foi o interiorano de Aiquara, em que por 0,5 ponto percentual não manteve o retrospecto do PT de vencer as eleições sem a necessidade de 2º turno. A partir de então, com o baque da votação que deixou Jerônimo no limiar da vitória, a base de apoio do neto de Antônio Carlos Magalhães desmilinguiu, o que resultou em revisão de posições por parte dos prefeitos, afinal, nenhum administrador quer ficar do lado de uma candidatura derrotada. Por fim, o autodeclarado pardo postulante até ganhou fôlego, resistiu dignamente, mas nos pleitos, em que o resultado matemático define quem bebe o champanhe da vitória, fazer bonito não importa, ainda se tratando de ACM Neto, em que sua mania de grandeza só se contrapõe aos seus pouco mais de 1,5 metro de altura.