Coluna do Tiago

Ao gourmetizar popular festa junina do Passa Quatro, indústria do entretenimento segrega, mas alimenta o fetiche do livramentense em ser ‘vip’

Ao sitiar a festa do Passa Quatro com camarotes, cria-se uma vitrine social para alimentar o fetiche do livramentense em ser ‘vip’

Por Tiago Rego | Jornalista

  • As festas de largo são manifestações genuínas da cultura de um lugar. E neste quesito, Livramento de Nossa Senhora possui riqueza variada expressas em suas raízes sertanejas, com maior tradução nos festejos juninos. Grande exemplo desta manifestação popular é a festa junina do bairro Passa Quatro. No entanto, para este ano, o evento ganhará tons de gourmetização. Isso porque, camarotes já estão sendo vendidos, o que retira do festejo o cunho popular que o consagrou. É claro que a apropriação comercial de manifestações populares integram o modus operandi da chamada indústria do entretenimento, vide o que aconteceu com os carnavais de rua, que foram transformados em eventos para uma elite branca. No caso de Livramento, a simetria também acontece — ao sitiar a festa do Passa Quatro com camarotes, cria-se uma vitrine social para alimentar o fetiche do livramentense em ser ‘vip’— . Os que lá vão estar, levando-se em consideração o provincianismo da chamada ‘capital da manga’, estarão para ostentarem o seu poderio financeiro, e a empresa organizadora do evento apenas quer lucrar em cima deste expediente social, como todas as demais desse ramo de negócios. Mas o mais grave nisso tudo é o poder público condescender com este modelo segregador e excludente, que rompe com identidades culturais de sua gente. Com a palavra, o secretário de Cultura e Esporte, Hugolino Lima.

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