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Ao descumprir acordos políticos em nome de pretensões pessoais, Paulo Azevedo isola-se da oposição

Paulo, ao desgarrar-se da oposição, deixa explícito a sua pretensão individual de concorrer ao Executivo livramentense em 24, mas sem substância política para tal

Por Tiago Rego | Jornalista 

  • A trajetória política do ex-prefeito Paulo Azevedo (União) é marcada por contradições, que nem mesmo o pragmatismo dos arranjos das alianças pode explicar. Paulo foi apresentado ao cenário político livramentense em 2004, quando teve sua candidatura capitaneada pelo também ex-prefeito, Emerson Leal, projeto este que foi derrotado por Carlos Batista (PSD), o Carlão. Na eleição seguinte, em 2008, Azevedo desgarra-se de seu padrinho político, para ser vice na chapa de Carlão, que foi reeleito naquele ano, em uma eleição contra Lia Leal, esposa de Emerson. Quatro anos depois, em 2012, ao sabor do vento, Paulo volta a se unir a Emerson, pela segunda vez, e com a unção deste último, é alçado a prefeito de Livramento, numa disputa contra o atual prefeito, Ricardo Ribeiro (REDE), o Ricardinho. Ao término de seu mandato, inconstante como de praxe, Paulo articula uma aliança com o derrotado Ricardinho, que culmina na chegada do fruticultor ao Executivo de Livramento, que tempos depois, o relegaria e, o obriga, para não cair no ostracismo, a selar, mais uma vez, apoio a Carlão, em 2020, só que desta vez, indicando a sua esposa, Nete, na condição de candidata a vice na chapa, que do ponto de vista da articulação, mesmo que casualmente, entrou para história do município por aglutinar o nome de três ex-prefeitos [Carlão, o próprio Paulo e Emerson], mas foi derrotada por Ricardinho, que foi reeleito. Em suma, a fluidez eleitoral do érico-cardosense é conhecida em ciência política como sendo “político pendular” — se por um lado confere ao político o conforto estratégico de se situar na órbita do poder, por outro, retira dele um elemento essencial: identidade —, o que resulta, conforme a mesma literatura, em perda de capital político e eleitoral. Conveniências à parte, agora, a bússola do prefeito eleito em 16 está o levando para o total isolamento político, já que Azevedo tenta orbitar em torno de si o eleitorado tanto de Emerson, como de Carlão, mirando seu projeto individual para 24, porém, sem cumprir acordos de barganha que são fundamentais, pois vale ressaltar, que tanto Carlão, como Emerson, estão em uníssono para angariar votos para Nelson Leal (PP) em Livramento, ao passo que, movido por interesses outros, Paulo embarcou em uma campanha de um ilustre desconhecido dos livramentenses, da cidade de Guanambi, postura esta não encontra ressonância tanto por parte de Emerson, como por parte de Carlão, e dos respectivos eleitores. Conclusão: sem voto, Paulo quer repetir em 24 a façanha de 16, mas “esqueceu de combinar com os russos.”

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