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Com economia uberizada, informalidade recorde e trabalhadores vivendo de bico, não há muito a se comemorar neste1° de maio no Brasil

O fenônomeno de precarização das relações de trabalho está sendo conhecido como 'uberização'

Por Tiago Rego | Jornalista

  • Desde 2016, o Brasil assiste em estado de letargia o esfacelamento das Leis Trabalhistas, o que levou a precarização do trabalho no país, com a informalidade dominando as relações de trabalho, e a atividade laboral se tornou, literalmente, um instinto de sobrevivência. Com uma visão deturpada de empreendedorismo, a sanha neoliberal tem levado milhões de pessoas de viverem de bico, por isso, não é muito comum as pessoas com profissões legítimas tendo que se aventurar em outras atividades, a exemplo de venda de bolo de pote, maquiagem, manicure e pedicure, Uber e, sem contar, da triste realidade dos trabalhadores de entrega de comida, que ganham um salário tão baixo, que não podem nem se quer comer aquilo que entregam. Para alguns, este tipo de mudança é comum e natural mediante ao processo de demanda global, mas o que se assiste, em 2022, são famílias inteiras vivendo sem dignidade. Além do processo de precarização do trabalho, condição que já é conhecida como ‘uberização’, o Brasil também vive hoje um processo de desindustrialização nunca visto antes. Dos quase 30% de composição no Produto Interno Bruto [PIB] da década de 50 do século passado, atualmente, a atividade industrial é responsável por apenas 7% da produção de riqueza nacional, o que deixa a economia brasileira totalmente dependente da venda de produtos com pouco valor agregado, a exemplo setor dos grãos. No entanto, com a automatização das lavouras, o setor agrário tem empregado uma parcela diminuta de trabalhadores, ficando restrito a operadores de máquinas e softwares. Portanto, neste 1° de maio, com 14 milhões de brasileiros desempregados, com um cenário de desvalorização da mão de obra, Leis Trabalhistas extintas, a falácia do empreendedorismo, e uma economia que não cresce 1% ao ano, o trabalhador não tem nada para comemorar.

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